Países ricos são os grandes emissores de gases de efeito estufa, enquanto os pobres são os que mais sofrerão as conseqüências do aquecimento global, certo? Não necessariamente: em se tratando de aquecimento global, as certezas podem mudar tão rapidamente como o clima.
Segundo pesquisadores, é a Europa que sofreu o maior aumento de temperatura no mundo, enquanto diversos países em desenvolvimento têm sido grandes responsáveis pelas emissões.
De acordo com a Agência Ambiental Européia, enquanto a média global do aquecimento já é de 0,8°C em relação à época anterior à Revolução Industrial, no continente chega a 1°C, informa a agência Reuters. Com isso, o Sul da Europa pode se tornar desértico.
E segundo a rede de cientistas Global Carbon Project, mais da metade das emissões globais - que totalizaram 34 bilhões de toneladas de corbono em 2007 - devem-se a países em desenvolvimento, que no Protocolo de Kyoto foram eximidos da responsabilidade de cumprir metas para redução de emissões.
Essa grande participação dos países emergentes explica por que as emissões globais subiram no período em que países ricos apresentaram retração econômica e conseqüentemente usaram menos energia. Puxadas pela queima de carvão mineral e fabricação de cimento, especialmente pela China, as emissões cresceram 3% em 2007 em relação a 2006, tornando a realidade mais próxima dos piores cenários traçados pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), segundo reportagem publicada pela Associated Press.
E mesmo com a retração econômica em 2007 - que agora se aperta com a intensificação da crise financeira - os Estados Unidos aumentaram em 2% suas emissões, produzindo 1,75 bilhão de toneladas de carbono. Só foram desbancados pela China, alçado a líder inconteste. Índia, Rússia e Indónesia foram citados pela reportagem como países que aumentaram suas emissões, enquanto Dinarmarca as cortou em 8%, o Reino Unido e a Alemanha em 3%, e a França e a Austrália em 2%.
Mas há um importante detalhe em tudo isso: ao transferir empregos para países como a China, em busca de redução de custos na produção, nações desenvolvidas como os EUA estão transferindo também emissões de carbono, e justamente para lugares onde as matrizes energéticas podem ser mais sujas e os parques fabris sujeitos a leis com menor rigor ambiental. Fertilizantes, cimento, aço e várias outras produções intensivas em energia foram transferidas dos EUA para a China.
Aí, fica também mais fácil dizer que países emergentes estão emitindo mais. Isso é de todo o interesse dos EUA, que se apóiam nessa premissa para justificar a posição de não aceitar metas e prejudicar o crescimento de sua economia que se derrete, e na velocidade das geleiras.
Fonte:
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